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Capa e rafe do segundo número de Assim na Serra Como no Céu |
Levei tempo para chegar até este resultado. A escolha da boneca como personagem principal demorou além do que eu esperava. Agora, esta decisão parece fazer sentido, mas não era a ideia inicial. O problema era o seguinte: eu queria manter a mesma proposta da capa do primeiro número, ou seja, apenas um elemento que representasse todo o livro. Como este segundo número possui 4 histórias independentes (e não uma história única como no primeiro número), a ideia inicial era um desenho que trouxesse elementos das 4 histórias.
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Agrupei todos os principais personagens do livro |
O problema neste caso era a quantidade elevada de elementos na capa: 1 para cada história e mais 1 elemento central interligando-os. O fato de ter criado a primeira história sobre a igreja, que me foi contada pelo meu avô, me levou a coloca-lo em todas as histórias, numa espécie de padrão Hitchcock de narrativa. Me pareceu lógico, então, colocá-lo como centro das atenções (e como homenagem também) envolvido com as 4 histórias. Mas os desenhos que desenvolvi não me agradaram. Eram elementos demais se comparados ao primeiro número.
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A "caricartoon" do meu avô aparece em todas as histórias |
Pensei então em colocá-lo sozinho na capa, correndo, fugindo dos elementos aterrorizantes das histórias que estavam por vir. Os vários elementos das histórias ficariam na capa 4, atrás do livro. Era então preciso que o leitor virasse o livro para que entendesse do que o personagem fugia. A ideia me pareceu melhor que as outras, mas fugia do padrão do primeiro número. E isto eu não queria.
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Rafe da tentativa de colocar um objeto turístico da cidade na capa |
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Gôndola italiana da Praça da Imigração em Nova Milano |
A ideia seguinte foi seguir a regra (regra?) de destacar um ponto turístico da cidade como elemento ou como detalhe na capa e valoriza-lo na capa 2, como fiz com a obra do Centenário da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul no primeiro número. Tentei a gôndola de Nova Milano e o leão da Praça da Imigração Italiana, mas senti que ainda não era isso que eu queria. O dilema era o seguinte: se colocasse o elemento no centro das atenções, sendo o leão ou a gôndola, ainda assim teria que colocar 4 personagens (1 de cada história) para estabelecer uma ligação. Caso contrário, estes elementos turísticos ficariam perdidos e sem ligação com os temas das histórias. E isso ocasionaria um acúmulo de informações na capa. Ainda não era isso.
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Ainda vou usar este leão para outra história |
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Leão alado na Praça da Imigração em Nova Milano |
A saída foi buscar outra ideia. Abandonei a ideia de apresentar os 4 elementos das histórias e deixei as ideias fermentando na minha cabeça por um mês mais ou menos. Com o tempo, entendi que a boneca Lenci do Museu Municipal também era um produto turístico assim como a obra do Centenário da Imigração Italiana do primeiro número e só então as coisas começaram a fazer sentido. Claro, a força da história da boneca podia muito bem representar o que as demais histórias possuíam: mistério e fé. A lenda é contada oralmente, não há precisão de fatos, pouco se sabe sobre a origem e isso estimula o mistério. E a fé, bom, a fé está no fato de as pessoas acreditarem que a boneca caminha pelo museu à noite, que ela pisca, que ela vira a cabeça. A fé move montanhas e parece que vira a cabeça da boneca também.
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Buuu! |
A ideia do teaser veio dos filmes de terror como Annabelle e tantos outros em que o artifício comumente usado nestes filmes com bonecos que incorporam a alma de um espírito maligno quase sempre é o fato de que, na segunda vez que você olha para o boneco aparentemente estático, você tem a impressão que ele se mexeu. Por isso a boneca está olhando pra trás; pra você, claro! Assustador, não?
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