Semanas antes de ministrar a Oficina de Quadrinhos para a EMEF Carlos Paese, um incêndio destruiu a biblioteca e o laboratório de informática da escola. Depois de ver o tamanho do estrago causado, achei que poderia contribuir com a escola criando uma HQ cuja venda arrecadasse fundos.
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Incêndio na EMEF Carlos Paese em setembro de 2015 |
Propus à diretora da escola a ideia de uma HQ com personagem que desenvolvi no dia anterior à visita. O personagem era um menino na idade dos alunos da escola que deveria inspirar as crianças a fazer alguma coisa pra ajudar na reconstrução. A ideia era utilizar a criatividade das crianças para que eles percebessem que podem mudar o meio em que vivem. Com criatividade, claro. E a HQ foi a oportunidade.
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Rafe de uma tirinha do personagem |
Mas o menino tinha um problema: havia fogo no lugar do cabelo. E esse probleminha trazia para o menino uma série de dificuldades no cotidiano. Esse era o mote do personagem. O princípio da construção deste personagem é de apresentar um exemplo de criança que possui problemas como todos têm e que precisa aprender a resolvê-los. Para a história da escola, desenvolvi a ideia de que o menino, por um descuido, havia causado o incêndio. E deveria propor algo para consertar. Nomeei provisoriamente o personagem de “Chaminha” já sabendo que os alunos é que deveriam escolher um nome com seus próprios critérios.
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Esboço do personagem |
Assim que a diretora aceitou a proposta, criei um documento-guia para os professores entenderem o processo de produção da revista, pois a criação das histórias deveria acontecer em sala de aula. E o professor era a peça-chave na construção dos trabalhos dos alunos.
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Documento-guia com instruções do processo de produção da HQ |
Considerando que nem todo aluno saberia desenhar, acrescentei uma seção para recortar e montar com diversas partes do corpo do personagem. Isso incluiria todos os alunos que não se sentissem bem desenhando. Para os que gostariam de desenhar, não haveria problema.
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Model-kit do personagem para os alunos que não sabem ou não querem desenhar |
Depois de prontos os trabalhos, eu recolhi as histórias, escanerizei todas elas e montei uma revista em quadrinhos. O pessoal da Secretaria da Educação estava encarregado de imprimir as revistas para que a escola as vendesse. Aliás, o pessoal da Secretaria da Educação esteve sempre à disposição deste projeto e contribuiu muito para que ele acontecesse.
Assim, desenvolvi a primeira história da revistinha para introduzir o conceito das historinhas criadas pelos alunos e criei a ilustração da capa. Os alunos batizaram o personagem de Paesinho, em homenagem à escola. Só que o plano ganhou proporções bem maiores que o planejado.
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Almanaque do Paesinho - Nº 1 |
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Almanaque do Paesinho - Nº 2 |
Em primeiro lugar, os professores desenvolveram muitas histórias e muitos alunos participaram. Ao todo, 111 alunos construíram histórias e 7 professores orientaram os trabalhos. Com 54 histórias, não foi possível criar apenas uma revista, pois ela ficaria muito cara para imprimir. A solução foi criar duas revistas que foram separadas pela idade dos alunos. Com uma quantidade menor de páginas, o custo de impressão ficava menor e proporcionaria uma margem melhor para arrecadação na venda.
Em segundo lugar, o pessoal da Secretaria da Educação conseguiu, através de contato do prefeito, que as revistas fossem impressas gratuitamente pela gráfica do Estado do RS, a CORAG. Sem custo de impressão, a revista poderia arrecadar uma verba maior.
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Eu e as meninas da Secretaria da Educação: Silvia (E) e Angela (D) |
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Secretária da Educação, Elaine Giuliatto, no lançamento do Almanaque |
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Prefeito Claiton Gonçalves no lançamento do Almanaque do Paesinho |
Resumindo: um projeto simples que eu elaborei num intervalo do trabalho, contou com o apoio da Secretaria da Educação, foi aprovado pela diretora da escola, os profes compraram a ideia, os alunos se divertiram criando historinhas e aprendendo, chegou até o prefeito que conseguiu a impressão gratuita na gráfica do estado e culminou no lançamento na 30ª Feira do Livro de Farroupilha.
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Eu e os pequenos autores no lançamento do Almanaque do Paesinho |
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